Embraer pode ter concorrência nos planos de investimentos em Sorocaba
Vinte empresas aéreas procuraram espaços no aeroporto de Sorocaba nos últimos três anos. Esta é a informação do secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba, Mario Tanigawa, ao comentar as expectativas da possível vinda de um centro de manutenção de aeronaves da Embraer para Sorocaba. A menos de quinze dias da abertura de propostas de licitação para a ocupação de área de 40.500 metros quadrados junto ao aeroporto, esta informação é indicador de que além da Embraer outras empresas poderão aproveitar a licitação para disputar a oportunidade de fazer novos investimentos em Sorocaba. Entre as empresas que têm relações de negócios diretos com o aeroporto, essa expectativa é crescente na medida em que se aproxima a data de abertura de propostas da licitação, programada para o próximo dia 30 pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).
Segundo Tanigawa, a Azul e a Avianca estão entre as 20 empresas que pesquisaram e fizeram sondagens demonstrando interesses por Sorocaba. Os contatos das empresas passaram por ele. A Azul, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que faz estudos em várias cidades do Brasil mas isso não quer dizer que ela utilizará todas elas em seus voos. A empresa acrescentou que não tem informação sobre qualquer estudo que tenha sido feito em Sorocaba. Quanto à Avianca, a reportagem tentou contato por telefone, mas sem êxito.
O comandante e diretor da Jet Care, especializada em gestão de aeronaves e hangares, Walter Santos, disse ontem que empresas têm feito investimentos em ampliações de hangares e serviços no aeroporto não somente pela expectativa da possível vinda da Embraer, mas também pelos planos do Daesp de investir em melhorias no aeroporto – entre elas, a ampliação da pista de 1.500 para 1.800 metros de extensão e a instalação de um sistema de rádio que permitirá operações de voos por instrumentos mediante informações ao piloto de dados sobre pressão atmosférica, temperatura e vento.
De acordo com Walter Santos, grandes investimentos começaram a ser feitos no aeroporto em 2002 e continuam, tanto que há hangares ainda em obras e equipes de trabalho em formação. São 34 empresas operadoras de serviços no aeroporto, o que compõe importante mercado do setor. Somadas, nos cálculos de Walter Santos, todas elas movimentam de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões por ano em serviços de limpeza, lavagem e hangaragem. Nesta estimativa estão excluídas outras atividades que também geram recursos para as empresas e o município.
Os investimentos nesse setor são caros. Somente em montagem de equipes, por exemplo, é necessário o recrutamento de profissionais altamente especializados nas suas funções. Walter Santos lembra que equipes incluem engenheiro, mecânico, operador de trator que empurra o avião, controlador técnico, atendente de pista, segurança, recepcionista. Profissionais como mecânico e recepcionista têm que dominar a língua inglesa.
Interesse
A demonstração do interesse da Embraer na possível escolha de Sorocaba para receber novos investimentos é confirmada por Mario Tanigawa. A empresa não comenta o assunto. Em agosto passado, Tanigawa esteve com o prefeito Vitor Lippi (PSDB) em reunião convocada pelo secretário de Estado de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, na qual representantes da Embraer perguntaram se Sorocaba tinha condições de receber a empresa para manter na cidade uma estrutura de manutenção de suas aeronaves. Segundo Tanigawa, Sorocaba era uma das cidades que estavam sendo pesquisadas pela Embraer, o que incluía São José dos Campos.
A expectativa cresceu em relação a Sorocaba depois que, em setembro, quase um mês após a reunião, o Daesp abriu a licitação número 085 para a concessão de uso de área no aeroporto local. Uma fonte do setor aéreo em Sorocaba insiste que o tamanho da área está em sintonia com os planos da Embraer. O problema é o valor mensal mínimo estimado para a licitação, que é de R$ 412 mil pelo período de 24 meses, valor considerado caro para o setor comparado aos investimentos que poderão ser feitos pela Embraer.
Em tempos de empreendimento de grande porte em plena execução pela multinacional Toyota em Sorocaba, na análise de Tanigawa, a cidade "está preparada para receber qualquer tipo de investimento".
Vitor Lippi, também referindo-se à reunião de agosto com representantes da Embraer, descreve: "Eles fizeram uma prospecção de outras cidades e Sorocaba e entendem que Sorocaba tem condições ideais para o desenvolvimento das atividades de manutenção de jatos executivos. A Embraer foi a empresa que mais vendeu jatos executivos no ano passado no mundo. Isso significa que quem vende avião tem que dar manutenção."
Para o prefeito, a tradição do aeroporto de Sorocaba de ter uma estrutura de manutenção de aviões contribui para atrair o interesse da Embraer: "Nós já temos uma vocação natural para esse tipo de atividade." Segundo Lippi, a área no aeroporto é da Prefeitura e a concessão de uso cabe ao Estado, por meio do Daesp, conforme legislação federal.
Perfil da Embraer
Uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, a Embraer alcançou essa posição "graças à busca permanente e determinada da plena satisfação de seus clientes", segundo descrição em seu site http://www.embraer.com.br/. A empresa tem mais de 40 anos de existência e atua em todas as etapas de um processo complexo: projeto, desenvolvimento, fabricação, venda e suporte pós-venda de aeronaves para os segmentos de aviação comercial, aviação executiva e de defesa.
A Embraer já produziu mais de 5 mil aviões, que operam em 92 países, nos cinco continentes, e é líder no mercado de jatos comerciais com até 120 assentos. Também fabrica alguns dos melhores jatos executivos em operação e sua atuação contribui para um novo patamar no setor de defesa.