Setor bate recorde para o período, impulsionado por alojamento e transporte aéreo
O Turismo brasileiro bateu recorde e faturou R$ 108 bilhões no primeiro semestre, registrando crescimento de 6,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço representa um incremento de R$ 7 bilhões no setor.
Segundo a FecomercioSP, o mercado de trabalho aquecido, a inflação em patamares mais baixos e a queda no preço médio das passagens aéreas devem sustentar o bom desempenho das atividades turísticas no segundo semestre — especialmente no segmento de lazer.
“Mesmo que algum item específico pese mais no bolso do consumidor, o Turismo oferece diversas alternativas. Se a viagem de avião fica cara, opta-se pelo ônibus; se o hotel está caro, escolhe-se uma pousada ou reduz-se o tempo de estadia, mas, normalmente, não se deixa de viajar”, afirma o presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Guilherme Dietze.
No Turismo corporativo, o cenário também tende a permanecer positivo, impulsionado por eventos e compromissos já programados. No entanto, a Entidade ressalta que fatores como uma possível desaceleração econômica e os efeitos do tarifaço podem afetar negativamente o setor, levando ao cancelamento ou adiamento de viagens de negócios. Ainda assim, a expectativa é de continuidade no crescimento do Turismo nacional.
Alojamento puxa crescimento semestral
Todos os segmentos analisados pelo levantamento apresentaram aumento no faturamento. A atividade de alojamento, por exemplo, registrou alta de 12,7% e movimentou R$ 13,6 bilhões [tabela 1]. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a tarifa média subiu quase 10% no país, o que contribuiu para o resultado, mesmo com a taxa de ocupação apontada pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) sendo inferior à de 2024: 53,5% contra 57,6%.
Outra variação relevante foi observada no transporte aéreo, que faturou R$ 27,3 bilhões — um crescimento de 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento no fluxo de passageiros, impulsionado pela combinação entre maior oferta e queda média nos preços, foi o principal fator para esse desempenho.
Também registraram variações positivas no semestre os seguintes segmentos: alimentação (6,9%), outros tipos de transporte aquaviário (6,5%), agências e operadoras de viagens (6,3%), transporte rodoviário de passageiros (2,4%) e atividades culturais, recreativas e esportivas (0,5%).
No mês de junho, especificamente, o faturamento do Turismo nacional alcançou R$ 17 bilhões — um aumento de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2024, configurando um recorde histórico para o período. O transporte aéreo registrou a alta mais expressiva, com variação de 12% e faturamento de R$ 4,45 bilhões, seguido pelo setor de alojamento, que cresceu 8,5% na comparação anual, movimentando R$ 1,7 bilhão. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), foram transportados 8,2 milhões de passageiros no mês — o maior volume já registrado em um mês de junho.
Na hotelaria, o desempenho foi impulsionado mais pelos preços do que pela demanda. De acordo com o FOHB, a taxa média de ocupação manteve-se praticamente estável em relação a junho do ano passado, enquanto a diária média subiu 8,4%. Em algumas regiões, como Centro-Oeste, Norte e Sudeste, houve recuo na ocupação.
Outros destaques do mês foram o transporte rodoviário de passageiros, com crescimento de 6,1% e faturamento próximo de R$ 3 bilhões, além de agências e operadoras de viagens (2,9%), transporte aquaviário (2,4%), locação de meios de transporte (1,6%) e alimentação (1,5%). Apenas o grupo de atividades culturais, recreativas e esportivas registrou recuo, com variação negativa de 0,2%.
Resultados regionais
Dentre os Estados, o Rio Grande do Sul foi o que apresentou a maior alta em junho — quase 40%. O resultado foi influenciado pela base de comparação, devido às enchentes ocorridas em maio de 2024. Na sequência, o Amazonas cresceu 13,5% e o Pará avançou 6%, possivelmente por causa dos investimentos e pela preparação para a 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP30) da Organização das Nações Unidas (ONU), em novembro.
O Estado de São Paulo registrou faturamento de R$ 4,3 bilhões, alta de 2,9%. Nove Estados tiveram queda no faturamento em junho, com destaque para Rondônia (-11,3%), Minas Gerais (-7,2%) e Alagoas (-6,2%).
Os dados são elaborados pela FecomercioSP com base em informações do IBGE. Embora as magnitudes das variações possam divergir entre as duas fontes, as tendências observadas são semelhantes.