Com os investimentos em infraestrutura previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) salvos, pelo menos por enquanto, do corte de gastos do governo federal, as grandes construtoras devem manter o foco nas obras públicas, o que deixa maior espaço no segmento privado para a atuação das companhias menores. É nessa perspectiva e nos resultados do início do ano que a Terram baseia o otimismo de suas projeções para 2011 e espera dobrar seu faturamento.
A empresa de terraplenagem, drenagem e pavimentação atua exclusivamente com o setor privado, onde tem mais espaço para atuar, já que o âmbito público é dominado pelas gigantes do setor. "As obras do PAC aquecem o mercado todo. Os concorrentes grandes trabalham para o setor público e sobram mais projetos para nós", afirmou ao Valor um dos sócios da Terram, José Roberto Briguenti.
O executivo afirma que teve o melhor janeiro de sua história. A empresa hoje concorre em 20 grandes projetos em fase final de negociações, dos quais espera conseguir 12. A esses projetos se somam outros 60, que ainda estão em desenvolvimento. Os 80 potenciais trabalhos somados representam cerca de R$ 800 milhões (US$ 470,6 milhões) em terraplenagem, segundo as estimativas da companhia.
"Não só a quantidade de projetos no mercado (abertos à concorrência entre as empresas), mas a qualidade deles é positiva. Eles são grandes e acreditamos que 2011 será o melhor ano desde a criação da empresa", afirmou o diretor comercial, Diego Briguenti, filho de José Roberto. Depois de terminar 2010 com um faturamento de R$ 86 milhões (US$ 48,9 milhões), a Terram espera alcançar o patamar de R$ 180 milhões (US$ 105,9 milhões) em 2011.
O foco no segmento industrial foi intensificado a partir de 2000. Até então, a companhia se voltava para escavações de prédios, processo que utiliza menos tecnologia, caracterizado pelo menor valor agregado. Hoje, com um total de 450 funcionários, a empresa tem em seu portfólio clientes multinacionais como Toyota e Michelin e nacionais como Votorantim Siderurgia e CSN. Os maiores concorrentes, por sua vez, são grandes construtoras, cujos serviços incluem o preparo do terreno. Segundo o executivo, a atuação direta junto às indústrias traz as vantagens da redução do custo do projeto para os clientes e facilita o cumprimento dos prazos, pois a terraplenagem pode começar a ser feita antes da escolha da construtora para o empreendimento.