As brasileiras estão cada vez mais empenhadas em não torcer roupa. Nos primeiros nove meses do ano, enquanto as vendas de lavadoras automáticas aumentaram 1,5% em volume sobre o mesmo período de 2009 – quando a categoria foi especialmente beneficiada pela redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) -, a demanda pelas lavadoras semiautomáticas (chamadas de "tanquinhos", que não centrifugam a roupa) despencou 15%, segundo a GfK.
"Desde o ano passado, há uma migração do 'tanquinho' para as lavadoras automáticas", diz o consultor da GfK, Oliver Römerscheidt. A mudança, segundo ele, é explicada pela significativa redução de preços das lavadoras automáticas. "Há bem pouco tempo, era difícil encontrar uma lavadora automática por menos de R$ 1 mil (US$ 588,2)", diz. Hoje, os modelos mais acessíveis de lavadoras automáticas custam em torno de R$ 700 (US$ 411,8), contra "tanquinhos" que podem chegar a R$ 400 (US$ 235,3).
"É um produto que tende a desaparecer um dia", vaticina Valdemir Dantas, presidente da fabricante de eletrodomésticos Latina. O curioso é que, mesmo com essa perspectiva, a Latina está reforçando a aposta nos "tanquinhos": a empresa acaba de investir R$ 3,5 milhões (US$ 2,1 milhões) para adaptar a produção da sua linha de semiautomáticas para nove quilos de capacidade. Os três modelos que a Latina produzia até então tinham oito quilos.
"O mercado pode estar desacelerando, mas há uma leva de consumidores da base da pirâmide que lava roupas à mão, para quem o 'tanquinho' ainda é objeto de desejo", diz Dantas, que acredita em mais uma década de espaço para explorar o segmento. A mudança na linha de produção da Latina, segundo ele, foi feita para atender melhor a consumidora, que já havia deixado claro em pesquisas realizadas pela empresa que precisa de uma máquina com maior capacidade para lavar peças pesadas, como cobertores e tapetes.
O movimento em torno dos "tanquinhos" mais "potentes" foi iniciado, na verdade com a Colormaq, que tem fábrica em Araçatuba, no interior paulista. É a busca de diferencial, em um mercado em que a maioria das semiautomáticas tem entre cinco e seis quilos. As máquinas semiautomáticas significam hoje 45% do faturamento da Latina, que deve ser de R$ 160 milhões (US$ 94,1 milhões) este ano. A empresa, com fábricas em São Carlos (SP) e Recife (PE), vem apostando em produtos mais sofisticados, como purificador de água e ventilador de teto.