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SP avança na agenda climática e energética com projeto pioneiro de armazenamento de CO₂

Iniciativa que envolve poder público, academia e setor privado investirá R$ 10 milhões em avanço estratégico para a descarbonização

O Governo de São Paulo, em parceria com a Equinor Brasil e a USP, anunciou recentemente o projeto CABRA (Carbon Storage in Brazilian Basalts), iniciativa que investirá cerca de R$ 10 milhões em pesquisa sobre o potencial de armazenamento mineralizado de CO₂ nas formações basálticas da Bacia do Paraná, especialmente na Formação Serra Geral. O anúncio ocorreu no último dia 05/11 durante o Summit Agenda SP+Verde, evento internacional pré-COP 30 promovido pelo governo paulista, Prefeitura de São Paulo e Universidade de São Paulo, dentro da programação da 8ª edição da Energy Transition Research & Innovation Conference (ETRI 2025).

A pesquisa será coordenada pelo professor Colombo Celso Gaeta Tassinari, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP), e investigará o uso do CO₂ proveniente de usinas de bioetanol em processos de captura e armazenamento geológico (CCS).

A subsecretária de Energia e Mineração da Semil, Marisa Maia de Barros esteve presente e destacou que o projeto reforça a estratégia estadual de transição energética justa e sustentável. “Este é um exemplo concreto de como ciência, inovação e indústria caminham juntas para uma transição energética justa. A aposta em projetos como o CABRA mostra que estamos nos preparando hoje para as soluções que o futuro exigirá”, declarou. São Paulo possui a matriz energética mais limpa do país, com 60% de participação de fontes renováveis, em comparação a 50% no Brasil e 15% nos países da OCDE — cenário que reflete o compromisso do Estado com a neutralidade climática e o avanço tecnológico em energia limpa.

Durante a cerimônia, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, ressaltou a importância da cooperação entre universidade, governo e setor privado. “Não existe sustentabilidade sem ciência, tecnologia e inovação — e também não há ciência e inovação que prosperem sem sustentabilidade. Projetos como este simbolizam a sinergia que precisamos para enfrentar os desafios globais”, observou. Segundo ele, a presença da academia, do governo e da iniciativa privada em torno de um mesmo objetivo demonstra maturidade institucional e capacidade de propor caminhos inovadores. “Sustentabilidade é um tripé que envolve meio ambiente, economia e sociedade — e toda solução deve ser bem estudada para que boas intenções não gerem efeitos indesejados. Esse projeto reflete essa visão integrada”, completou.

Para Julio Meneghini, diretor científico do RCGI, o projeto representa um avanço pioneiro para o país. “Graças à Equinor, poderemos estudar com profundidade o potencial dos basaltos brasileiros para o armazenamento de carbono. Trata-se de um exemplo para o Brasil e para o mundo de como a ciência pode contribuir para um futuro mais sustentável”, afirmou.

A vice-presidente de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Equinor Brasil, Cláudia Brum, destacou que a iniciativa amplia a atuação da empresa em soluções de baixo carbono. “A Equinor tem 30 anos de experiência em armazenamento de CO₂ offshore, mas nenhuma ainda em basaltos. O CABRA é um passo importante para entendermos o potencial de mineralização do CO₂ no contexto brasileiro — e uma oportunidade de gerar conhecimento capaz de viabilizar emissões negativas no futuro”, explicou. Ela também ressaltou que o projeto se soma ao histórico da empresa em iniciativas sustentáveis no país, citando o início da produção do campo de Bacalhau, em outubro, com 220 mil barris diários e metade da intensidade de carbono de campos similares no mundo.

O projeto CABRA irá avaliar a viabilidade técnica, geológica e econômica de integrar a produção de bioetanol à captura e ao armazenamento geológico de CO₂. Além dos estudos de caracterização geológica, serão realizados estudos de engenharia voltados à execução de um futuro projeto piloto, com análises sobre capacidade de injetividade, volume de armazenamento e tempo de mineralização do CO₂.

Para o RCGI, o projeto reforça o compromisso da USP com o avanço científico e tecnológico na área de descarbonização. “A parceria com a Equinor soma experiência industrial e excelência acadêmica, ampliando a capacidade do Brasil de desenvolver soluções de impacto global”, concluiu Meneghini.

A cerimônia contou ainda com a presença de Andrea Achoa, gerente de P&D da Equinor Brasil, do professor Colombo Celso Gaeta Tassinari, coordenador do projeto, além de pesquisadores do RCGI e representantes do Governo do Estado de São Paulo.

Fonte: https://semil.sp.gov.br/2025/11/sao-paulo-avanca-na-agenda-climatica-e-energetica-com-projeto-pioneiro-de-armazenamento-de-co%e2%82%82-em-rochas-basalticas/