As flores estão longe de ser artigo de primeira necessidade, com exceção do que representam para noivas, enlutados e, claro, para os próprios floristas. Mas não há de ser nada: o setor se mantém em crescimento, a despeito de crise global, receio com a demanda por produtos agrícolas e projeções frustrantes ou não para o desempenho do PIB no ano.
O setor movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões (US$ 1,35 bilhão) em 2008, de acordo com Renato Opitz, presidente da câmara setorial de flores e plantas ornamentais do Ministério da Agricultura. O crescimento projetado para este ano é de 9%. "O movimento foi muito bom até junho, mas caiu um pouco em julho. Se ficar nos 9% está bom", afirma. Em pleno momento de intempéries na economia, o segmento projeta aumentar seu tamanho em quase um décimo e encara isso quase como prêmio de consolação. O faturamento bilionário não trata do preço pago ao produtor, e sim dos negócios realizados no mercado varejista. Estão embutidos, portanto, gastos como os feitos com artes florais, embalagens ou mimos extras nos arranjos, e não os feitos exclusivamente para a aquisição das plantas.
O mercado de flores tem sustentado seu crescimento em uma coleção de fatores. Também está entre eles a consolidação da venda de flores em supermercados, que abre caminho para a compra de impulso – ninguém, afinal, vai ao Pão de Açúcar ou ao Carrefour apenas para levar uma margarida. "A venda em supermercados já acontece há alguns anos, mas a apresentação nas lojas, o espaço reservado, é muito melhor que no começo", diz Pitz.
Para o crescimento do setor, mesmo sob a crise econômica, é relevante também, segundo ele, a disseminação de variedades de melhor cepa. Com a importação de bulbos mais resistentes, rosas, por exemplo, que tinham sobrevida de quatro a cinco dias na casa do consumidor, podem durar até 14 dias. Isso aumenta também o tempo para que a planta possa ser comercializada.
Ainda há uma boa parcela de informalidade no mercado, o que dificulta, entre outras coisas, a própria apuração dos dados sobre as vendas. O tom geral, contudo, é de otimismo. "Nós não vimos muito o impacto da crise, não", diz Ronaldo Micotti da Glória, diretor de flores e plantas da Terra Viva, que cultiva flores e plantas ornamentais e completa 50 anos de vida em 2009.