Cidade será a primeira do Brasil com o fornecimento do biogás para abastecimento urbano
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo participou da ligação do primeiro cliente com abastecimento de gás biometano em Presidente Prudente, interior de São Paulo, nesta quinta-feira (11). A iniciativa faz parte das obras na cidade para o fornecimento urbano da fonte renovável, fazendo do município o primeiro do país a utilizar o biogás, em um novo passo para o impulsionamento da transição energética e a redução de gases do efeito estufa.
Com apoio do Governo de São Paulo, as obras para o primeiro gasoduto destinado de forma exclusiva ao transporte de biometano no país foram iniciadas em junho e já estão 80% concluídas. Para o projeto, estão sendo investidos cerca de R$ 12 milhões, com a expectativa de atender mais de 5 mil pessoas e 58 estabelecimentos, numa rede de 44 km. Além do restaurante, o gás será ligado em um hotel e em uma padaria na cidade nessa primeira etapa.
A cerimônia foi realizada no o restaurante Beef Company Steakhouse & Grill, primeiro estabelecimento da cidade a receber a fonte de energia renovável diretamente da Usina Cocal no município de Narandiba, cidade próxima a Presidente Prudente. A cerimônia contou com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, o prefeito de Presidente Prudente, Milton Carlos de Melo “Tupã”, o presidente da Câmara Municipal do município, William Leite, além de lideranças empresariais do setor.
“Fico feliz de ver São Paulo dando exemplo para o Brasil. Com essa ligação, Presidente Prudente se torna um município modelo e referência, sendo a primeira cidade verde do Brasil. A matriz energética de São Paulo é mais de 50% limpa e a gente deve muito isso ao biodiesel, biogás, biometano e ao etanol, que é o nosso pré-sal caipira. Esse projeto que inicia hoje é um marco e permitirá que milhares de prudentinos tenham acesso aos benefícios do gás canalizado em casa, em seus comércios, indústrias e postos de combustível. Objetivo da nossa gestão é levar essa rede para todo o Estado”, disse o secretário Guilherme Piai.
O investimento no transporte urbano de biometano na cidade de Presidente Prudente é mais uma das ações da SAA na busca pelo incentivo da transição energética no estado de SP. A SAA, através do Programa Cana IAC do Instituto Agronômico (IAC-Apta), que completou 30 anos em 2024, impulsionou o setor sucroenergético paulista por meio do desenvolvimento de variedades de cana de alta produtividade e adaptabilidade, pacotes tecnológicos de manejo e colaboração em programas de melhoramento genético.
Além disso, a transição energética no estado foi reforçada pela parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística e Cetesb que, em 2024, estabeleceu o procedimento de licenciamento ambiental para as plantas de produção de biocombustíveis do setor sucroenergético.
Pré-sal caipira
Com aproximadamente 5.5 milhões de hectares destinados à cultura da cana-de-açúcar, o estado de São Paulo se destaca como o maior produtor do país da cultura, sendo responsável por grande parte da produção nacional. O biogás é produzido a partir de resíduos da cana-de-açúcar, como bagaço, palha, vinhaça e torta de filtro. Posteriormente, esse biogás pode ser purificado para gerar biometano, que será distribuído em Presidente Prudente.
O setor é historicamente reconhecido por sua importância estratégica, principalmente durante a Crise do Petróleo, nos anos de 1970, quando o etanol de cana-de-açúcar diminuiu a dependência brasileira do petróleo importado, impulsionando como alternativa.
Gás biometano
O gás biometano é um biocombustível que resulta da purificação do biogás, o qual é gerado pela decomposição de matéria orgânica. Após esse processo, ele adquire composição e propriedades similares às do gás natural.
Estudos da Fiesp e do Governo de SP de 2024 indicam que a ampliação da produção de biometano tem potencial para criar até 20 mil empregos e contribuir para uma redução de até 16% nas emissões previstas pelas metas climáticas estaduais. A projeção é que a produção possa aumentar de 0,4 milhão para 6,4 milhões de m³/dia, cobrindo assim 40% da demanda de gás natural.