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Produtores do Noroeste paulista apostam no sistema agroflorestal

Em um sistema agroflorestal, aliado importante na conservação do solo e de plantios mais sustentáveis, produtores têm apostado no consórcio com árvores nativas no Noroeste paulista. A produção das culturas tem forte potencial para gerar renda, como o cacau – mais recente na região – e outras mais tradicionais, como o café.

Segundo o agrônomo Andrey Vetorelli Borges, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), os consórcios agroflorestais têm vários benefícios, entre eles o da diversificação e o de tornar as propriedades mais produtivas. “Com o plantio de cacau temos esse enfoque mais sustentável em consórcio com as seringueiras, bananeiras e ainda com o cultivo de árvores madeiráveis que fazem o quebra-vento (espécie de eucaliptos) de proteção das plantações”.

Os estudos apontam que o cacau e a seringueira, cultivados em regiões de mata atlântica, são árvores que tem potencial produtivo entre 35 anos (cacau) e 50 anos (seringueira). “Esse sistema agroflorestal traz ainda a conservação do solo e o produtor diversifica as culturas. E no aspecto social, gera emprego e condições dignas de trabalho na fazenda”, afirma Andrey.

Mais de 20 produtores investiram na produção de cacau entre plantios de 250 hectares no Noroeste Paulista, com o cultivo de cerca de 200 mil plantas. A maioria optou pelo cacau por já ter a produção de seringueiras e por contar com parcerias com a agroindústria para o processamento da amêndoa que resulta no chocolate.

O produtor André Seixas investiu na produção de mudas de cacau, além de cultivar a seringueira. “A vantagem do sistema agroflorestal, com a produção de cacau e de seringueira, é a diversificação de culturas e da receita”.

André afirma ainda que tanto o cacau quanto a seringueira demandam mão de obra especializada, e com a diversificação que inclui a produção de banana, o produtor diminui o risco de baixa lucratividade. “Neste momento estamos com preços muito ruins pagos pela borracha natural e o cacau suportaria grande parte das despesas da propriedade”.

Café

No sítio Santa Gertrudes, em Ipiguá, a agrônoma e agricultora Clélia Mardegan investiu no cultivo de hortaliças e legumes orgânicos. “Agora resolvi empreender em outra área, a do café, que já venho plantando, e no cacau, que vejo um futuro muito interessante para a nossa região”, conta Clélia.

Clélia pretende investir no plantio agroflorestal, com as bananas que já produz no sítio, o café, e agora plantou uma área com 30 mudas de cacau. “Pretendo ainda cultivar árvores de baru e de macadâmia que vão compor a floresta e fazer o sombreamento das outras culturas”.

Sistema sustentável

A pesquisadora Maria Teresa Vilela Abdo, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Apta Regional), de Pindorama, explica que o sistema agroflorestal inclui árvores ou arbustos junto com outras culturas agrícolas. “A importância desse sistema, entre outros, é o de ser mais sustentável, como o sequestro de carbono, que é um aliado ao meio ambiente”, ressalta.

Outra vantagem do modelo é a produção diversificada como a de cacau e seringueiras, que pode ocorrer o ano todo. Com isso, a fauna fica mais interligada entre as propriedades, atraindo pássaros e abelhas que fazem a polinização, importante para o produtor. (CC)

 

Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/produtores-do-noroeste-paulista-apostam-no-sistema-agroflorestal-1.1244172