Com projeção de crescimento na exportação da manga, fruticultores estão apostando nas perspectivas de mercado favorável com a comercialização e na maior competitividade com os estados nordestinos, maiores produtores da fruta no País. “Neste ano, a produção da manga começa mais forte no estado de São Paulo, com preços melhores pagos ao produtor”, conta Maurício Ranolfi, fruticultor de Nhandeara.
Variedades como a tommy e a palmer, que são as mangas preferidas do consumidor brasileiro, começam a ser colhidas no Noroeste paulista a partir deste mês. Segundo Ranolfi, por enquanto os preços estão bons para a pré-colheita que ele fez da variedade espada vermelha. “Espero que os preços não baixem. O que está sendo pago agora, R$ 4,00 o quilo, está ótimo para os produtores de manga”.
O cenário é considerado atípico para os analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o mês de setembro. Os preços, que geralmente caem nesta época do ano, subiram e atingiram a maior média nominal para um mês de setembro em toda a série histórica.
No geral, os dados do Cepea apresentaram a menor oferta de manga no Nordeste, porém as exportações tiveram bom ritmo no Vale do São Francisco (PE/BA), com crescimento de 84% dos valores pagos no mês de setembro, frente ao mesmo período de 2022. Com isso, houve diminuição ainda mais significativa do volume destinado ao mercado interno de comercialização da palmer e da tommy.
A estimativa dos analistas do Cepea é que as mangas produzidas no estado de São Paulo comecem a entrar no mercado brasileiro com comercialização intensa neste mês. Em relação aos preços, os dados demonstram que a intensificação da oferta paulista deve ser acompanhada de preços mais baixos, mas que podem ser superiores ao normal para o período.
O produtor Maurício Ranolfi considera que a produção de manga, no estado paulista, precisa de maior valorização por parte de todos que decidem por plantios da fruta. “Está difícil manter um patamar de preços. Agora estamos vendendo a manga por R$ 4,00, o quilo, mas se chegar a R$ 2,00 nos meses de novembro e dezembro, quando há mais oferta, está bom. O ruim é que tem produtor que vende por R$ 0,60, o quilo”, afirma.
Ranolfi também aposta no mercado exportador da fruta e no consumo que vem crescendo no mercado interno. “Muitas indústrias estão comprando a fruta para processar e produzir o suco de manga. É um mercado que cresceu bastante, sem contar a exportação para os Estados Unidos que vem crescendo”, pontua.
Colheita da fruta é manual
A atividade exige manejo em diferentes etapas da produção, com adubação, escorar os galhos para os frutos não caírem no chão, e mão de obra para a colheita, que é toda realizada de forma manual, sem auxílio de máquinas.
Na lida com os pomares de manga há 28 anos em Votuporanga, José Salvador Inácio da Silva, o Neco, conta que o consumidor brasileiro absorve mais a manga para o consumo natural e, apesar da tommy e palmer serem as preferidas, a espada vermelha tem boa aceitação. “É uma fruta doce e não tem fiapo (fibra), o que ganha na preferência do consumidor”, diz Neco.
Nos pomares de Joaquim Sousa, em Nova Aliança, o plantio de manga expandiu, com 300 novas árvores cultivadas. Além da palmer e da tommy, o produtor investe na manga bourbon, mais tradicional em outras épocas, e na manga maçã, uma variedade ainda pouco conhecida. “São muito saborosas, e sem fiapo”.