Estatal respondeu por 65% das vendas no ambiente livre no terceiro trimestre
A Petrobras foi responsável pela maior parte do volume de gás natural comercializado no mercado livre brasileiro no terceiro trimestre de 2025, resultado da estratégia da companhia para ganhar espaço nesse segmento.
. A estatal atingiu a marca de 6,5 milhões de m³/d de volume contratado nessa modalidade, o que representa cerca de 65% do total do mercado livre brasileiro, segundo o balanço financeiro do terceiro trimestre, divulgado na quinta (6).
A companhia ressaltou que a intensificação da atuação no ambiente livre visa equalizar sua participação nesse mercado à participação nos investimentos em exploração e produção.
. Entretanto, a estatal teve uma queda no lucro líquido do segmento de Gás e Energias de Baixo Carbono no terceiro trimestre, que ficou em R$ 51 milhões, redução de 70% na comparação anual.
. Segundo a companhia, a queda refletiu a “evolução competitiva nas vendas diretas de gás aos consumidores livres”, além dos menores preços do barril de petróleo e do câmbio, aos quais os preços do gás estão atrelados.
. Ao todo, o lucro da estatal de julho a setembro ficou em US$ 6 bilhões, alta de 2,7% na comparação anual. Confira o balanço na íntegra.
Conforme antecipado pela gas week em agosto, a estatal triplicou a base de clientes no mercado livre de gás em 2025. Levantamento da agência eixos mostrou que a companhia captou 12 novos clientes apenas no primeiro semestre.
. Desde o ano passado, a estatal vem se reposicionando no ambiente de contratação livre, depois de perder espaço para as comercializadoras privadas.
. A estratégia passou pela diversificação da base de clientes, atingindo consumidores menores, com a oferta de novas opções contratuais.
. Se antes a companhia concentrava as vendas na indústria siderúrgica, passou a disputar novos mercados, como a indústria de cerâmica.
. A diversificação também foi regional: a estatal estreou no mercado de São Paulo, o maior do país, a partir de um contrato com a Suzano em maio.
Os ganhos no mercado também coincidem com a entrada em operação da unidade de processamento do Complexo Boaventura (RJ), que ampliou em 21 milhões de m³/dia a capacidade de processamento de gás nacional a partir de novembro de 2024.
Classificação de gasodutos. Vinte estados, por meio do Colégio Nacional de Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal (Conpeg), pediram para entrar como partes interessadas (amicus curiae) na ADI que questiona a competência legal da ANP para definir os critérios técnicos para classificação de gasodutos de transporte.
. Os estados argumentam que a Lei do Gás confere à ANP um “poder regulatório exorbitante que lhe confere a prerrogativa de interferir diretamente no campo de competências estaduais”.
Revisão tarifária. A diretoria da ANP aprovou o novo plano de ação da revisão tarifária das transportadoras de gás natural, com o fatiamento do processo. A agência definiu o novo cronograma para a discussão, que prevê definir ainda este ano a nova metodologia para o cálculo da taxa de retorno dos investimentos.
Refit. O julgamento na reunião da diretoria da ANP dos pedidos de impedimento e suspeição contra dois dos quatro possíveis relatores do processo iniciado com a interdição da refinaria de Manguinhos se arrastou ao longo da quinta (6).
. O diretor Daniel Maia levantou uma questão ‘preliminar’ que levou à interrupção da reunião de diretoria. Ao fim do dia, no entanto, o colegiado alcançou os dois votos necessários para rejeitar o pedido de impedimento e suspeição de diretores.
Oferta de áreas exploratórias. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) adotem medidas urgentes para reverter a redução na oferta de áreas e autorizações para exploração e produção de petróleo e gás natural.
Preço do barril. O petróleo fechou em queda na quinta-feira (6), em meio ao aumento dos estoques nos EUA e às revisões nas projeções que indicam o mercado entrando em superávit em 2026.
. O Brent para janeiro recuou 0,22% (US$ 0,14), a US$ 63,38 o barril.
Vitrine para combustível fóssil. A Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) manifestou “preocupação e indignação” com a decisão da organização da COP30 de utilizar diesel coprocessado da Petrobras nos ônibus e geradores da cúpula do clima.
. Os comentários ocorrem dois dias após a petroleira anunciar um acordo com a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) para uso de diesel S10 com 10% de conteúdo renovável nos equipamentos do evento.
COP30. O primeiro dia da cúpula de líderes da COP30 foi marcado por mobilização por recursos para manter as florestas de pé, por meio do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa protagonizada pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente.
Em Belém. O presidente Lula (PT) defendeu que ações de enfrentamento e preparação para as mudanças do clima precisam ser materializadas “no centro das decisões” do setor privado e da sociedade civil. Lula diz ser necessário avançar para “superar a desconexão” entre os salões diplomáticos e a vida real.
Falta coragem. O secretário-geral da Organização das Nações Unidos (ONU), António Guterres, disse, na quinta-feira (6), que “falta coragem política” para a transição energética, em direção ao uso de combustíveis não poluentes.
Ferro verde. Estudo do Agora Industry e do Instituto E+ calcula que o Brasil tem potencial para produzir dez milhões de toneladas de ferro verde até 2040, evitando 12,8 milhões de toneladas de emissões de CO2 e criando cerca de 35 mil empregos. Essa produção é equivalente a três vezes as atuais exportações de ferro-gusa.
Etanol com CCS. A Equinor fechou parceria com a USP para um projeto de pesquisa sobre armazenamento de CO₂ proveniente de usinas de bioetanol na Bacia do Paraná. O projeto tem investimento de R$ 10 milhões e inclui pesquisa, desenvolvimento e inovação.
ONS dos combustíveis. O Sindicom apresentou à ANP uma proposta para aprimorar a fiscalização do cumprimento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, como alternativa ao “ONS dos Combustíveis”, rejeitado por boa parte do mercado em razão da sobreposição com as competências da agência.
. A ideia é aproveitar uma ferramenta desenvolvida pela Embrapa, que permite rastrear a cadeia do produto.
Tarifa branca. A Aneel iniciou estudos para alterar a estrutura tarifária aplicada aos consumidores de baixa tensão e incentivar a migração para a cobrança que varia conforme o horário do dia, a chamada Tarifa Branca. A medida mira cerca de 2,5 milhões de unidades consumidoras, que consomem acima de 1.000 kWh por mês.
Renováveis com baterias. O Banco BV e a Powersafe fecharam uma parceria para financiar projetos de armazenamento de energia voltados para residências, empresas, propriedades rurais e empreendimentos de diversos portes. A linha de crédito contempla baterias de pequeno porte, estações portáteis de energia e sistemas de armazenamento de grande porte.
Curtailment. Há saldo suficiente para ressarcir as geradoras de energia afetadas pelos cortes de geração (curtailment) sem que haja aumento de tarifa, na visão do diretor geral da Volt Robotics, Donato Filho. Segundo ele, há R$ 3,8 bilhões que podem ser usados para arcar com o custo do ressarcimento dos demais contratos ao preço de liquidação das diferenças (PLD) e atualizados pelo IPCA.
Fonte: https://eixos.com.br/newsletters/comece-seu-dia/petrobras-volta-a-dominar-mercado-livre-de-gas/