Os investimentos no aumento da capacidade de produção da indústria previstos para este ano estão voltados aos setores certos. Isto é, para os bens de consumo duráveis, que reúnem a cadeia da indústria automobilística, os eletrodomésticos e eletrônicos, segmentos nos quais a oferta de itens está cada dia mais apertada para atender ao aumento do consumo, do crédito e da renda. O movimento para ampliar a capacidade de produção desses setores reduz, a médio prazo, o risco de gargalos na oferta e de pressões inflacionárias.
Isso é o que indica um cruzamento entre os dados do Nível de Uso da Capacidade da Indústria (Nuci) em dezembro de 2009 e a intenção de investimento da indústria para este ano feito a pedido do Estado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base em sondagens industriais. Com o uso da capacidade instalada da indústria evoluindo rapidamente no pós-crise, a intenção de ampliar os investimentos na produção reagiu.
O Nuci encerrou 2009 em 83,8%, um índice apenas 2,9 pontos porcentuais abaixo do recorde do indicador atingido em junho de 2008 (86,7%). Em contrapartida, quase metade das indústrias (48%) planeja aumentar os investimentos neste ano, ante 41% em 2009. "Se realmente esses investimentos se confirmarem há condições de atender à demanda, que deve continuar aquecida" , afirma o coordenador técnico das sondagens industriais da FGV, Jorge Ferreira Braga.
Puxado pela indústria automobilística e os eletroeletrônicos, o Nuci dos bens duráveis de consumo atingiu 91% em dezembro, nível considerado preocupante. Mas 58% das indústrias do setor querem ampliar investimentos neste ano. É o maior resultado da série histórica de intenção de aumento de investimento para bens duráveis.