Valor comercializado com outros países no mês passado foi de R$ 2,43 bilhões
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) teve um aumento de 4,8% nas exportações em novembro, quando ficaram em US$ 444,32 milhões (R$ 2,43 bilhões), contra US$ 423,97 milhões (R$ 2,31 bilhões) no mesmo período em 2024. O desempenho foi o segundo melhor para mês em 13 anos, ficando atrás apenas dos US$ 447,71 milhões (R$ 2,44 bilhões) de 2022, de acordo com balanço divulgado pela Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Para o economista Felipe Brandão, o resultado é bom considerando a manutenção do tarifaço dos Estados Unidos para a importação de vários produtos industriais brasileiros.
“Se você olhar o total que o Brasil e a Região Metropolitana exportaram após a sobretaxa imposta pelo governo norte-americano, o resultado segue em ritmo alto, e isso se dá muito porque a RMC tem um setor exportador muito dinâmico. Ele conseguiu exportar para outros países e compensar com outros mercados. Por isso, o setor industrial não sofreu tanto. Mas a gente não pode ignorar que os Estados Unidos ainda são um mercado muito relevante”, afirmou o especialista.
“Muitos produtos já haviam ficado de fora do tarifaço lá no início, mas, por enquanto, apenas os produtos agropecuários brasileiros e de outros países, como café e carne, foram incluídos na lista de exceções, porque os Estados Unidos estão preocupados com sua inflação interna”, acrescentou.
Uma multinacional acaba de inaugurar uma linha de produção de catalisadores para automóveis em sua fábrica localizada em Americana, voltada para atender o Brasil e a América Latina. “A nova linha amplia nossa capacidade com as mais avançadas tecnologias de controle de emissões para veículos leves, em linha com nossa estratégia para a região. A combinação entre eficiência produtiva e sustentabilidade fortalece o papel em oferecer soluções e tecnologias confiáveis que contribuem para a preservação do meio ambiente”, disse o diretor da unidade de Catalisadores Automotivos da empresa, Robert Gaskell.
A linha foi projetada e equipada para produzir peças que atendem as três fases do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – Leves 8 (Proconve L8). As novas normas começaram a entrar em vigor em janeiro passado e reduzem os limites de emissões de poluentes em três etapas, que entrarão em vigor a cada dois anos.
Em 2025, elas reduziram de 80 para 50 miligramas/quilômetro (mg/km) de gases orgânicos e óxidos de nitrogênio (Nmog + Nox). O limite cairá para 40 mg/km em 2027 e chegará a 30 mg/km em 2029. A nova linha de produção da indústria, que já está em funcionamento, gerou um aumento de 10% no número de empregos na planta de Americana.
RESILIÊNCIA
Além dessa unidade, a empresa tem unidades em Guarulhos (SP) e Manaus (AM). A multinacional também tem plantas em outros nove países, entre eles Bélgica, França, Canadá, China, Alemanha e Japão. O grupo fechou o primeiro semestre deste ano com uma receita de 1.8 bilhão de euros (R$ 11,47 bilhões). No Brasil, ela atua também com compostos de metais nobres, produtos e processos para galvanoplastia, recuperação, reciclagem e refino de metais, enquanto no mundo fornece produtos para os setores químico, petroquímico, farmacêutico, eletroeletrônico e joalheiro.
O volume de importações das indústrias da Grande Campinas mostra ainda que a produção mantém o fôlego, apesar de outros indicadores econômicos apontarem para a desaceleração da atividade econômica. Ele foi de US$ 1,42 bilhão (R$ 7,76 bilhões) no mês passado, mostrando que as empresas continuam mantendo em alta as compras de insumos no exterior para abastecer suas linhas de produção.
“As indústrias da região de Campinas são exportadoras de produtos de alto valor agregado e precisam desses insumos para fabricar seus produtos”, explicou o 1º-vice diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Regional Campinas, Valmir Caldana.
Com isso, a balança comercial da RMC fechou novembro com o déficit de US$ 976,63 milhões (R$ 5,34 bilhões), aumento de 17.33% em relação aos US$ 832,38 milhões (R$ 4,55 bilhões) de igual mês de 2024. O resultando também é o segundo maior desde 2013, quando teve início a série histórica. O maior saldo negativo em novembro foi registrado em 2022, quando ficou em US$ 1,017 bilhão (R$ 5.56 bilhões).
Apesar do resultado da indústria, a Região Metropolitana de Campinas registrou no mês passado uma queda de 52,41% na geração de novos empregos. Foram criados 1.393 postos de trabalhos com carteira registrada, enquanto em novembro de 2024 chegou a 2.927.
O setor industrial fechou o mês com o fechamento de 100 vagas. Dos cinco setores avaliados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o de serviços, que também é forte na região, teve o saldo negativo de 135 vagas.
A construção civil, com a abertura de 608 empregos, agropecuária (579) e comércio (442) tiveram resultado positivo, mas devido a bons desempenhos pontuais em Paulínia, Holambra e Sumaré. Porém, todos os segmentos ainda têm resultado positivo no acumulado do ano, com os serviços abrindo 15.019 vagas, seguida pela indústria (6.573), comércio (5.128), construção civil (4.232) e agropecuária (1.684).
ESTADOS UNIDOS
Em novembro, as exportações regionais para o mercado norte-americano somaram US$ 51,35 milhões (R$ 280,88 milhões), queda de 29,29% em comparação com os US$ 72,62 milhões (R$ 397,23 milhões) de igual mês do ano passado. Foi o valor mais baixo desde agosto, quando os Estados Unidos passaram a comprar uma taxa de 50% sobre as importações oriundas do Brasil. Antes, o menor volume havia sido no primeiro mês do tarifaço, com US$ 64,36 milhões (R$ 352,04 milhões).
No acumulado de agosto a novembro deste ano, as vendas regionais para aquele país somam US$ 244,32 milhões (R$ 1,33 bilhão), redução de 16,59% em relação aos US$ 292,90 milhões (R$ 1,6 bilhão) de igual quadrimestre de 2024. Para o economista Felipe Brandão, o impacto da sobretaxação ainda prejudica de forma mais acentuada regiões do país com uma produção muito específica, como é o setor calçadista de Franca (SP).
Segundo ele, é preciso esperar se o governo brasileiro conseguirá avançar com a revisão do tarifaço também para os produtos industrializados. “A gente espera uma normalização aos poucos do fluxo dos produtos agropecuários, como são os casos da carne e café, que estão no top 10 das exportações para os Estados Unidos”, disse o especialista. Na RMC, a Argentina é o principal destino das exportações, com participação de 18,8% do total. A segunda colocação é ocupada pelos Estados Unidos, com 15,9%, seguida pela Alemanha (7,2%), México (6,3%) e Colômbia (5,5%).
As empresas da região importam principalmente da China, de onde vem 26,9% de tudo o que compram do exterior. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar (15,9%) e Alemanha estão na terceira posição (6,5%), vindo depois a Índia (6,4%) e Japão (3,7%).