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Cooperação Brasil-Suécia pode gerar tecnologias para diferentes setores

Depois do Brasil ter adquirido os caças Gripen da Suécia, com transferência de tecnologia feita para as indústrias nacionais, os dois países pretendem agora ampliar a cooperação em inovação tecnológica. Um portfólio de novos projetos aeronáuticos e de defesa foram apresentados pelo setor produtivo brasileiro nesta segunda-feira (16), em Brasília (DF), a representantes de empresas suecas. A expectativa dos empresários é que estas tecnologias contribuam para auxiliar outros setores da economia.

Uma delas, por exemplo, é o projeto AeroLogLab – um laboratório de automação para montagem de aeronaves desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a empresa Embraer. O espaço, que possui robôs industriais e um sistema automatizado com lasers e calibração dinâmica, poderia diminuir o tempo de trabalho e aumentar a precisão dos processos de montagem.

Segundo o reitor do ITA, Anderson Correia, além da aeronáutica, os setores com mais probabilidade de serem beneficiados com projetos como o AeroLogLab serão os de mineração e florestal (forestry technology). “Muita tecnologia aplicada no setor aeronáutico pode ser transbordada para o setor de mineração, com novas máquinas, equipamentos, ferramentas, processos, logística. O mesmo vale para a forestry, com máquinas para fazer coleta, reflorestamento e planejamento do setor”, informou.

Dados apresentados por Correia mostram que no Brasil o setor aeronáutico representa 43% da alta tecnologia exportada, com balança comercial positiva de US$ 1,5 bilhão em 2014. “Temos um balanço que deve ser aproveitado. Apesar de três áreas serem consideradas mais importantes agora [aeronáutica, mineração e florestal], seu potencial pode ser usado em várias outras. Sistemas autônomos, veículos aéreos não tripulados [vants]. O próprio setor automotivo também acaba sendo beneficiado porque a sua manufatura é muito parecida, seja em qualidade, processos ou materiais.”

“Nós podemos ver claramente a tecnologia aeronáutica do Brasil ser transferida, por exemplo, para o setor automotivo e de transportes em geral, bem como na de robótica, telecomunicações e segurança”, apontou Anders Blom, diretor do programa Innovair, da aeronáutica sueca. “O setor é estratégico para o Brasil e a Suécia, que no nosso país gera um volume de negócios de quase 2,5 bilhões de dólares”, ressaltou.

Esforços

De acordo com a diretora do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (Cisb), Alessandra Holmo, a cooperação entre os dois países na elaboração de projetos conjuntos permitirá reduzir os riscos de perdas nos negócios, especialmente ao se dividir os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

“Estamos pegando carona na questão do projeto Gripen para aumentar a cooperação, ao invés de reduzir a somente um produto comprado com transferência de tecnologia. Esforços estão sendo unidos para desenvolver uma coisa maior, que a longo prazo pode ser um novo produto para a aeronáutica ou para outros setores”, comentou Holmo.

Com o objetivo de fortalecer a cooperação e formalizar novos acordos, uma reunião está agendada para 18 de outubro, onde ministros da Suécia visitarão o Brasil para discutir mecanismos de financiamento para projetos que envolvam os dois países.