Empresas que estão entre as líderes globais em transporte de passageiros por trilhos aumentam seus negócios no Brasil, de olho nas oportunidades locais. É o caso da líder mundial Bombardier Transportation, atualmente com 100 mil veículos ferroviários em serviço, e também da Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles (CAF), empresas que, apesar de estarem aqui há alguns anos, decidiram somente agora deixar a atuação tímida de lado para acelerar as operações brasileiras nos próximos anos. O setor ferroviário deve gerar um volume de 111 bilhões de euros em oportunidades dentro deste mercado, somente no biênio 2014 a 2016. Deste montante, a região latino-americana está dentro de uma fatia que compõe 21% do que será gerado, seguida da Ásia, com 4,4% do bolo, pelos mercados norte-americano e europeu, que somarão mais 2,5%, por serem desenvolvidas na área.
Levando em conta as encomendas do setor ferroviário geradas nos últimos dois anos, a Bombardier divide a maior parte com a Alstom, cada uma com 20% do mercado, seguidas pela alemã Siemens, que ficou com 16% dos negócios. O restante (44%) está dividido entre empresas como a CAF, as japonesas Hitachi, Kawasaki e Mitsubishi, além de corporações como Rotem, Talgo e Thales, entre outras fabricantes de trens. "Dentro deste cenário, o Brasil é um dos países que terão mais novos projetos de mobilidade urbana em desenvolvimento; por exemplo, os metrôs e os veículos leves sobre trilhos (VLTs)", disse, em conversa como DCI, Luis Ramos, diretor de Comunicação da Bombardier para Brasil, Espanha, Portugal, China e Índia.
A Bombardier assinou recentemente um contrato de R$ 383 milhões (US$ 218,9 milhões) para modernizar 26 trens do metrô de São Paulo, com entrega marcada para este ano. Ramos disse que surgem contratos na área de sinalização e para a prestação de serviços de manutenção. Ele admitiu que os negócios no mercado brasileiro passaram a ter uma relevância maior desde o ano passado, com tendência de crescer cada vez mais. No Brasil, a Bombardier aumentou em 60% sua planta industrial na cidade de Hortolândia, interior paulista, onde a empresa também criou um centro de engenharia. A intenção que gerou esses investimentos é a de acompanhar o mercado.
Uma grande área que pertenceu à antiga Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários (Cobrasma) deu espaço à instalação de outra empresa do setor, em Hortolândia. A espanhola CAF investiu R$ 200 milhões (US$ 114,3 milhões) para instalar sua fábrica de trens por lá, com a intenção de aumentar sua atuação no Brasil. Paulo Fontenele, diretor presidente da CAF Brasil, afirmou que existem chances de negócios em metropolitanos de capitais como Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, além do VLT da Baixada Santista, localidades onde devem surgir licitações para a compra de carros ferroviários. Hoje a CAF tem no Brasil uma parceria público-privada (PPP) com valor aproximado de R$ 1,8 bilhão (US$ 1,03 bilhão), que inclui a entrega de mais de 80 trens à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e à Companhia do Metropolitano de São Paulo.