Depois de um 2010 magro, os fornecedores de equipamentos para redes de telecomunicações esperam uma retomada dos negócios neste ano. As projeções dos fabricantes sinalizam uma expansão de 10% a 20% para o mercado brasileiro em 2011. Parece óbvio que seja assim, já que a economia brasileira está mais aquecida que a média mundial, mas essa relação nem sempre é direta. No ano passado, apesar da alta de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) e dos bons resultados colhidos pelo país em vários setores, o mercado de equipamentos para telefonia encolheu 9%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Em 2010, a Oi reduziu drasticamente seus investimentos para dar conta de uma dívida pesada. Na subsidiária da Telefônica no Brasil, muitos projetos ficaram em compasso de espera enquanto a operadora tentava adquirir o controle total da Vivo. Os mexicanos da Embratel e da Claro também se recolheram em meio a reestruturações internas. Ninguém deixou de investir, mas as contratações foram menores do que os fabricantes esperavam. Agora, o cenário é outro. Nas últimas semanas, consolidou-se a entrada da Portugal Telecom na Oi, operação que injetou mais de R$ 6 bilhões (US$ 3,75 bilhões) no caixa da companhia. A integração entre os dois maiores ativos da Telefónica de España no Brasil – a Vivo e a Telesp fixa – está em andamento. E já se nota alguma movimentação no mercado em torno do nascente Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), mesmo com as dúvidas que ainda cercam o projeto.
Paralelamente, a demanda por banda larga fixa e, principalmente, móvel está forçando as teles a abrir a carteira e investir mais. O tráfego de dados por meio das redes de telefonia móvel está dobrando a cada ano, o que requer mais investimentos em capacidade e alcance das redes. "Hoje, todo mundo está conectado, usando aplicativos. Isso vai alavancar o crescimento", diz Ricotta, da Ericsson. A companhia de origem sueca, com fábrica no Brasil, cresceu 12% em 2010, na contramão do mercado, e espera ao menos manter esse patamar em 2011. De acordo com a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), o país atingiu, no fim de março, 38,5 milhões de conexões de banda larga fixa e móvel. O número sinaliza um crescimento de 51,5% em 12 meses. Os acessos à internet por meio das redes de celular foram os grandes responsáveis por esse salto: as conexões via modens sem fio ou smartphones aumentaram 77,7% e chegaram a um total de 24,4 milhões.
A retomada do setor ficou mais evidente a partir de março. "A colocação dos pedidos foi mais tardia, mas eles começaram a chegar em março. Daí em diante houve um aquecimento significativo", afirma o vice-presidente da Abinee para telecomunicações, Paulo Castelo Branco, que também é vice-presidente do conselho de administração da Nec no Brasil. Os sinais positivos são acompanhados com expectativa pela associação, pois telecomunicações foi a única área representada pela Abinee que teve retração no ano passado. Grande parte dos investimentos em infraestrutura programados pelas teles deverá ser destinada às redes de banda larga.