Dois conhecedores de peso do mercado de alimentos orgânicos no Brasil decidiram juntar seus conhecimentos para impulsionar as vendas do segmento no mercado interno. Paulo Vilela, fundador e ex-diretor comercial da Cia Orgânica, de café, e Pierre Landolt, proprietário da Fazenda Tamanduá, lançam a empresa Bio Gourmet, de caráter multimarcas e que terá como diferencial o modelo de negócio – vendas diretas em quiosques em centros comerciais. O anúncio será feito amanhã, na abertura da Biofach América Latina, a maior feira de produtos orgânicos do continente, em São Paulo.
O primeiro ponto de venda será no Shopping Nações Unidas, na capital paulista, e a expectativa é de deverão abrir três outros quiosques até meados do ano que vem. Além disso, a Bio Gourmet estuda a criação de uma loja na internet para o atendimento on-line dos consumidores interessados nos produtos.
A linha de frente da nova marca serão os produtos produzidos na Fazenda Tamanduá, no interior da Paraíba: arroz vermelho, queijos e mel. Mas o portfólio contará com produtos de outras marcas, incluindo vinhos e azeites (alguns importados), geleias, barras de cereais e cosméticos. "A intenção é ter 70% de mix fixo e 30% para o pequeno produtor que não consegue passar pela peneira duríssima de um supermercado", diz Vilela. Segundo ele, os primeiros meses servirão para entender o gosto do consumidor para eventuais ajustes. Com um investimento inicial de R$ 150 mil (US$ 87,2 mil), a nova marca já começa a chamar a atenção de outros Estados, diz o executivo. "Já tem gente pedindo para franquear em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Ceará," diz ele. "Mas ainda precisamos realizar o sucesso para depois partir para isso".
A grande vantagem desse novo modelo de negócio seria facilitar a chegada dos produtos produzidos no país de forma orgânica – que não levam agrotóxicos – e biodinâmica – que preconiza o bem-estar e olha a propriedade como um organismo vivo. A expectativa de Vilela é de que, facilitando a venda desses produtos, o portfólio nacional de orgânicos e biodinâmicos seja fomentado. Segundo estimativas do governo, o setor movimenta R$ 500 milhões (US$ 290,7 milhões) por ano e envolve 15 mil produtores no Brasil, com uma área de cultivo da ordem de 800 mil hectares – excluindo o extrativismo, que eleva a estimativa para 5 milhões de hectares. O mercado internacional absorve 70% da produção brasileira.Os produtores enxergam o orgânico como uma forma de agregar valor, em um setor esmagado pelas baixas margens e pela a necessidade de grande produção.