O encontro tem como propósito o diálogo com os conselheiros, promovendo uma escuta ativa e o compartilhamento de experiências sobre as ações em andamento
A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), por meio da Subsecretaria de Energia e Mineração, realizou nesta terça-feira (11/11) a quarta reunião ordinária do Conselho Estadual de Política Energética (CEPE). O encontro reuniu conselheiros, acadêmicos e especialistas do setor para a apresentação dos resultados do Plano Paulista Decenal de Energia 2034 (PPDE 2034), que entra em consulta pública no dia 19 de novembro.
Em formato híbrido, o evento foi aberto pelo secretário executivo da Semil, Anderson Márcio de Oliveira, e teve apresentação da subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Barros, que destacou que o PPDE 2034 orienta as políticas energéticas do Estado para a próxima década, em alinhamento com as diretrizes do Plano Estadual de Energia 2050 (PEE 2050). “No Plano Paulista Decenal de Energia 2034 a gente vai trabalhar com indicadores e também a gente vai ver quanto que custa para o estado de São Paulo buscar a neutralidade de carbono em 2050 e a cada ano retroalimentar esse planejamento tendo sempre esse horizonte de 10 anos seguintes”, disse. O projeto é liderado pela subsecretária Marisa Barros e executado por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Coordenado pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP), sob liderança do professor Dorel Ramos, o estudo estrutura o planejamento em três dimensões — estratégica, tática e operacional. Segundo o pesquisador, o PPDE 2034 traduz a visão tática do Estado para o setor de energia, em alinhamento com o Plano Estadual de Energia 2050 (PEE 2050). “Em termos metodológicos, dentro do planejamento estratégico, nos inspiramos na metodologia aplicada pelo Sistema Interligado Nacional e pelo planejador centralizado, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Nesse sentido, o planejamento estratégico foi concluído no final do ano de 2023, que nos permitiu definir as recomendações e as diretrizes publicadas no Plano Estadual de Energia 2050, o PEE 2050. Estamos agora no planejamento tático, cujo objetivo é desenvolver um conjunto de ações coordenadas que possam permitir a implementação da estratégia com o auxílio de indicadores em um acompanhamento muito de perto, que permite verificar como é que o setor está se desenvolvendo e se há a necessidade de correções de rumo”, explicou.
Segundo o professor Dorel, o PPDE 2034 deve caracterizar uma visão tática do Estado para energia em alinhamento com a visão estratégica, buscando a neutralidade de carbono em 2050. “O objetivo é orientar e direcionar ações no âmbito do governo e dos agentes econômicos no horizonte decenal. Isso representa o acompanhamento da trajetória da evolução de variáveis chave definidas no PEE 2050”, afirmou. O plano foi construído a partir de três blocos de atividade: diagnóstico (onde estamos), prospecção (quais ajustes de trajetória são necessários) e posicionamento (o que fazer para manter a rota adequada).
Eixos estruturantes
Os cinco eixos estruturantes do PEE 2050 norteiam o PPDE 2034: Meio Ambiente e Social, baseado na gestão de resíduos e de água e na pegada de carbono; Tecnologia, baseado na implementação de recursos tecnológicos de última geração; Capacitação; Infraestrutura; e Mercado e Regulação.
Blocos de atividades
O Plano Paulista Decenal de Energia 2034 propõe um conjunto de atividades e soluções para a promoção da descarbonização, como o aumento do uso de biometano, biocombustíveis e eletrificação da frota, especialmente no transporte coletivo e de cargas, combinada à expansão da oferta de energia elétrica, medidas que podem ser impulsionadas pela implementação do mercado de créditos de carbono.
Estratégias de descarbonização
Durante o evento, foram apresentados gráficos e dados sobre o consumo energético e projeções para bioenergia, combustíveis, gás natural e o setor de transportes. Entre os destaques estão o crescimento previsto da produção de biometano, a inclusão do gás natural veicular no transporte pesado e a maior participação do etanol em veículos leves, acompanhada do avanço da eletrificação.
A partir da identificação do potencial de descarbonização do setor de transportes no estado de São Paulo, no cenário de mitigação, destacou-se o panorama atual da frota estadual, os principais desafios para torná-la mais limpa e as estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Foram apresentados gráficos ilustrativos destacando os seguintes modos de transporte: veículos leves e motocicletas; caminhões de carga e comerciais leves de logística; transporte público urbano e rodoviário; aéreo, hidroviário e ferroviário de cargas e passageiros.
Expansão de data centers X aumento no consumo de eletricidade
O encontro tem como principal propósito o diálogo com os conselheiros, promovendo uma escuta ativa e o compartilhamento de experiências sobre as ações em andamento. Entre os temas de intenso debate entre os participantes esteve o aumento do consumo de eletricidade provocado pela expansão do uso de data centers. Foram abordadas questões relacionadas aos impactos, os desafios e as perspectivas do setor elétrico diante do avanço de demandas dos centros de processamento de dados, além da expansão da rede para atender as novas cargas digitais.
“Em nível nacional, as solicitações de conexão da rede básica ao Sistema Interligado Nacional se concentram fortemente no estado de São Paulo. Então, trata-se de um aumento de carga muito significativa, o que impacta não só na necessidade de infraestrutura do estado, mas também na nossa meta de descarbonização, que com o aumento do consumo de energia, existe o desafio de conter o aumento de emissões de gases de efeito estufa associado. Temos o objetivo de caminhar para a economia do conhecimento, que é um pilar de desenvolvimento do Estado de São Paulo, e promover a transição energética, que é outro pilar de desenvolvimento do Estado, e fazer isso de forma coordenada”, explicou a subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Barros.
Sobre o CEPE
O Conselho Estadual de Política Energética (CEPE) foi criado em 2002, com base na Lei Estadual nº 11.248/2002, com o propósito de orientar políticas e estratégias relacionadas ao setor energético.
O colegiado é composto por representantes da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), de outras secretarias do Governo do Estado, além de federações, universidades e institutos de pesquisa. Os conselheiros têm mandato de dois anos, renovável por igual período, e o exercício das funções é considerado serviço público relevante e não remunerado.
A presidência do CEPE é exercida pela secretária da Semil, Natália Resende. O órgão conta ainda com representantes das secretarias da Casa Civil, Agricultura e Abastecimento, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Gestão e Governo Digital e Fazenda e Planejamento, além de membros da Assembleia Legislativa do Estado e de entidades do setor com notório saber e representatividade no campo da energia.