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Apesar do tarifaço, exportações da RMC batem recorde

Vendas para o exterior no mês passado foram de R$ 2,66 bilhões

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) exportou US$ 496,44 milhões (R$ 2,66 bilhões) em outubro, novo recorde para o mês, apesar de uma queda de 18,13% nas vendas para os Estados Unidos, um dos nossos principais parceiros comerciais, por conta do tarifaço. O valor teve uma alta de 2,54% em comparação aos US$ 484,14 milhões (R$ 2,59 bilhões) do mesmo período do ano passado, que era o recorde anterior, de acordo com a Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

“As exportações da RMC evidenciaram um movimento positivo, com destaque para o ganho de espaço de produtos de média-alta e alta tecnologia”, avaliou o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.

Outubro registrou o maior valor de exportações da região este ano e foi o melhor resultado para o mês da série histórica de 13 anos, mesmo com as vendas para os Estados Unidos terem sido de US$ 65,3 milhões (R$ 350,13 milhões), contra os US$ 79,76 milhões (R$ 427,67 milhões) de outubro 2024.

“A gente até esperava alguns movimentos mais significativos, mas tudo está acontecendo dentro do esperado”, afirmou o economista. A elevação no montante geral é em virtude da RMC exportar mais para outros países. O relatório da balança comercial do Observatório PUC- Campinas apontou o aumento em 12 meses, período fechado em setembro, de 26,2% nas vendas para a Argentina, o principal destino das vendas ao exterior da região.

Elas somaram US$ 1,007 bilhão (R$ 5,36 bilhões), com participação de 18,8% no volume total. O maior aumento, porém, foi para a Alemanha, 48,5%, com o valor acumulado em um ano sendo de US$ 388,13 milhões (R$ 2,08 bilhões) – 7,2% do total.

Outros países que também tiveram aumento são a Holanda (28,7%), Colômbia (28,6%), Chile (10,5%) e Paraguai (10,3%). O relatório apontou ainda aumento nas exportações de itens de média e alta complexidades, com maior valor agregado. Entre eles estão compostos de metais preciosos (128%); inseticidas, herbicidas e produtos semelhantes (51,5%); medicamentos (32,9%); pneus (32,6%); e automóveis (28,3%).

EM ALTA

Uma fabricante de ingredientes orgânicos para a indústria de alimentos e soluções para Negócios com os americanos diminuíram tratamento de água, com unidades em Valinhos e Santa Bárbara d´Oeste, investe no aumento das vendas ao exterior para elevar o faturamento.

Atualmente, as exportações têm uma participação de 10% da sua produção e ele prevê chegar a 40% em dois anos. Produtos da indústria estão presentes na América Latina, Emirados Árabes, Alemanha, Itália, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. “Temos equipes de vendas focadas neles”, afirmou diretor da empresa, André Sabará.

A fábrica de Valinhos foi inaugurada há sete meses, um investimento de R$ 25 milhões, e também faz parte do planejamento para aumentar os resultados. A nova planta produz uma linha específica de produtos, e a meta é que a participação na marca no resultado do grupo passe dos atuais 15% para 35% a 40%, com faturamento anual passando de R$ 330 milhões para R$ 500 milhões. Com ela, a empresa ampliará o fornecimento de castanhas, frutas, sementes e óleos para a indústria de alimentos e farmacêutica veterinária.

A matéria-prima vem dos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Amazônia. O investimento na nova fábrica mira a inclusão de agricultores familiares e extrativistas. “O Brasil já é muito forte em commodities, mas essa não é a nossa ideia como empresa”, disse o diretor do grupo. Os planos incluem explorar matérias-primas dos Pampas e do Pantanal.

OUTROS DADOS

O bom momento da indústria regional é evidenciado também pelas importações, que em outubro somaram US$ 1,61 bilhão (R$ 8,63 bilhões), segundo melhor resultado para o mês em 13 anos. O segmento é dependente de matériaprima e insumos importados para a produção.

O valor teve uma alta 2,55% em comparação ao US$ 1,57 bilhão (R$ 8,42 bilhões) de igual mês de 2024 e foi inferior apenas ao US$ 1,74 bilhão (R$ 9,32 bilhões) de 2022.

A balança comercial da RMC fechou outubro com o déficit de US$ 1,12 bilhão (R$ 6 bilhões), aumento de 3,04% em comparação ao US$ 1,087 bilhão (R$ 5,82 bilhões) do ano passado. No acumulado dos dez primeiros meses de 2025, as exportações da Grande Campinas somaram US$ 4,59 bilhões (R$ 24,07 bilhões), aumento de 11,95% em relação aos US$ 4,10 bilhões (R$ 21,98 bilhões) de 2024.

O resultado foi o terceiro melhor desde 2013. O recorde é do período de janeiro a outubro de 2022, US$ 4,72 bilhões (R$ 25,3 bilhões), seguido pelo de 2023, US$ 4,62 bilhões (R$ 24,77 bilhões).

As importações acumuladas este ano ficaram em US$ 15,48 bilhões (R$ 83 bilhões), o seu segundo maior valor da série histórica.

O recorde é de 2022, US$ 15,56 bilhões (R$ 83,43 bilhões). Com isso, o saldo negativo da balança comercial na RMC atingiu US$ 10,89 bilhões (R$ 58,39 bilhões) no acumulado do ano, queda de 19,27% em comparação aos US$ 13,49 bilhões (R$ 72,33 bilhões) do ano passado.

Desde que a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros imposta pelos Estados Unidos entrou em vigor, as exportações regionais para aquele país acumularam redução de 15,69%. Na soma de agosto, setembro e outubro, primeiro trimestre da vigência, elas ficaram em US$ 194,96 milhões (R$ 1,04 bilhão), contra US$ 231,24 milhões (R$ 1,23 bilhão) de igual período de 2024.

Para Oliveira, a redução das vendas para o mercado estadunidense tende a aumentar com o passar do tempo. “Tem um certo atraso no efeito. Não é que a tarifa seja imposta num dia e no outro não conseguimos exportar para os Estados Unidos. Há contratos em desenvolvimento, a busca por novos fornecedores. Quanto mais complexo os produtos, quando a gente fala de uma pauta industrial, mais difícil essa realocação”, afirmou o professor da PUC-Campinas.

Porém, ele apontou que as exportações regionais já vinham em queda e nem toda a redução está relacionada ao tarifaço. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada foi de 1,8%, com os Estados Unidos ficando em segundo lugar entre os principais destinos dos produtos regionais, com uma participação de 15,9% do total. De acordo com o estudo mensal do Observatório PUC-Campinas, em setembro do ano passado, o país ocupava a liderança, representado 18,32% do volume geral.

Fonte: https://correio.rac.com.br/campinasermc/apesar-do-tarifaco-exportac-es-da-rmc-batem-recorde-1.1731857