Após um hiato de pouco mais de um ano, a empresa de gestão e valorização de resíduos volta às aquisições com a compra de um ativo em Presidente Prudente, no interior de São Paulo
Após abrir capital, 2021, a Orizon engatou uma série de M&As que ampliou sua operação de 5 para 17 ecoparques. Entretanto, desde agosto de 2024, quando assumiu o controle da Oeste Ambiental, a empresa de gestão e valorização de resíduos não fez mais nenhum movimento nessa direção.
Agora, passado pouco mais de um ano desse hiato, a companhia está reativando essa esteira, ao anunciar a compra de 100% das operações das quotas da G4 – Gestão e Controle de Materiais, dona de um aterro sanitário em Presidente Prudente (SP), em um acordo avaliado em R$ 40 milhões.
Segundo fato relevante divulgado pela companhia, a transação para a compra do ativo – o 18º do seu portfólio -, contempla um earn out, sujeito a métricas específicas definidas no contrato da aquisição.
“Nós vínhamos dizendo ao mercado que iríamos priorizar os investimentos em biometano, por isso ficamos um tempo sem M&As”, diz Milton Pilão, CEO da Orizon, ao NeoFeed. “Mas, agora, estamos reiniciando nossa temporada de aquisições, já que temos uma estrutura de capital preparada para isso.”
O sinal para a reinauguração dessa agenda veio em maio deste ano, quando o grupo concluiu um follow on de R$ 635 milhões. A oferta foi ancorada por um cheque de R$ 400 milhões assinado pelos seus acionistas de controle – Pilão e Ismar Assaly, presidente do board da Orizon – e pela eB Capital.
Curiosamente, o tempo de operação do ativo que marca esse retorno é praticamente o mesmo da pausa dada pela Orizon à veia inorgânica que, até então, vinha sendo protagonista em sua estratégia de expansão.
“É um aterro jovem, que abriu as portas há um ano, mas que já atingiu 100 mil toneladas de produção”, diz o CEO. “E que está em ramp up de recebimento de material de cidades da região, atendidas por lixão ou valas.”
No comunicado, a Orizon ressaltou que o ativo gera atualmente entre R$ 7,5 milhões e R$ 8,5 milhões de Ebitda por ano. E que o aterro carrega um potencial de crescimento de processamento que pode levar a mais que o dobro dos volumes atuais.
Hoje, a Orizon já processa 9 milhões de toneladas por ano com os aterros que integram o seu portfólio. E, sob a ótica de ampliar não apenas essa conta, mas também a capilaridade da sua operação, o acordo marca a estreia da Orizon na região do Oeste Paulista.
“Estamos aumentando nossa capilaridade no principal estado do País, que normalmente opera com preços mais elevados e que tem uma maturidade muito maior – e mais rapidez – no fechamento de lixões”, afirma Pilão.
Além das cidades paulistas próximas a Presidente Prudente, a possibilidade de coletar material de alguns municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul, que fazem divisa com a região, foi outro racional que contribuiu para a transação. Assim como a vida útil, acima de 40 anos, do aterro.
Reunidos, esses componentes abrem caminho para que a Orizon coloque em prática sua tese de rentabilizar os aterros com a incorporação de novos negócios nesses ativos. Entre eles, a instalação de plantas de biogás e biometano, além de operações de reciclagem, fertilizantes e créditos de carbono.
Nessa direção, o novo aterro traz um ingrediente adicional que favoreceu o acordo. Em setembro, Presidente Prudente se tornou a primeira cidade do País com o abastecimento urbano de biometano, por meio de um gasoduto que irá atender estabelecimentos comerciais e, posteriormente, residências.
“Esse é um outro mote estratégico desse acordo, já que vamos poder inaugurar o fornecimento de biometano para comércios e residências”, afirma Pilão. “Até agora, nos nossos outros aterros, nossas vendas são majoritariamente para a indústria.”
Sob esse contexto, ele ressalta que os investimentos na instalação de uma planta de biogás e, na sequência, em uma estrutura para a purificação do biometano serão as primeiras etapas na rentabilização do novo ativo. Ele não revela, porém, um prazo para que isso aconteça.
Ao mesmo tempo, a Orizon tem diversos projetos em curso para a implantação de plantas de biometano nos aterros do seu portfólio. Com a conclusão de todas essas iniciativas, prevista para um prazo de 4 a 5 anos, o grupo projeta alcançar uma capacidade de 1,3 milhão de metros cúbicos por dia.
Hoje, a empresa produz 55 mil metros cúbicos por dia a partir do aterro em Paulínia (SP). E para os próximos meses, prevê a entrada em operação de uma outra usina, no mesmo município, além de uma segunda unidade em Jaboatão dos Guararapes (PE), chegando a 335 mil metros cúbicos por dia.
Em paralelo a esses investimentos orgânicos, Pilão diz que o acordo de hoje é só o “primeiro da fila” e que a Orizon já tem uma série de ativos mapeados como parte da sua nova temporada de aquisições. E dentro de um calendário que pode envolver, inclusive, cheques mais polpudos.
“O follow on nos trouxe mais de R$ 600 milhões para M&As. E cabem acordos maiores, além de várias aquisições”, afirma. “E se houver mais aquisições do que esse cheque suporta, também temos uma estrutura preparada para buscar mais capital e efetuá-las.”
Enquanto viabiliza esses planos, em seu balanço mais recente, a Orizon fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 26,7 milhões, alta de 139,79% sobre igual período, um ano antes. A receita operacional líquida cresceu 22,85%, para R$ 264,1 milhões.
Já a alavancagem da operação, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, ficou em 1,84 vezes, contra 2,78 vezes, um ano antes, e 3,07 vezes no primeiro trimestre de 2025.
As ações da Orizon fecharam o pregão de ontem com queda de 1,24%, cotadas a R$ 55,75. No acumulado de 2025, os papéis acumulam, porém, uma valorização de 47,2%, dando à companhia um valor de mercado de R$ 5,35 bilhões.