Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de cimento no Brasil se mantiveram nos mesmos níveis do ano passado, apesar da crise. O que pode ser considerado um avanço em comparação à demanda mundial – que vive uma queda acelerada no consumo. A estabilidade brasileira e a retração de países importantes, como Espanha, Rússia e Japão, fizeram com que, em apenas dois anos, o Brasil subisse cinco posições no ranking mundial, de nono lugar em 2007 para o quarto este ano, atrás da China, da Índia e dos Estados Unidos.
Levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) mostra que as vendas de cimento para o mercado interno no primeiro semestre atingiram 23,9 milhões de toneladas, ante 24,3 milhões de toneladas de janeiro a junho do ano passado. Em junho, as vendas tiveram queda de 2,3% sobre o mesmo mês de 2008. Segundo José Otávio Carvalho, secretário-executivo do sindicato, o país deve fechar o ano com 51,4 milhões de toneladas vendidas, exatamente a mesma marca de 2008. Para empatar com 2008, o país terá que aumentar as vendas no segundo semestre e alcançar 27,5 milhões de toneladas de julho a dezembro.
A retomada da construção imobiliária – sobretudo em função do programa habitacional do governo – é o que movimenta, com mais intensidade, a indústria de cimento, segundo Carvalho. O programa habitacional do governo impulsionou a construção de imóveis de baixa renda e mudou o cenário da construção civil para este ano. Empresas especializadas no segmento econômico já prevêem crescimento de até 50% nas vendas este ano, como a mineira MRV. As construtoras que atendem a classe média também já vislumbram um cenário melhor para o ano. Depois de um primeiro semestre sem novos produtos, lançamentos de imóveis de médio padrão estão voltando a acontecer. Além disso, os empreendimentos lançados no primeiro semestre do ano passado – portanto antes da crise – estão em fase de obras.
Segundo Carvalho, nos últimos três anos houve um aumento das grandes obras e de construções mais organizadas, reflexo da expansão das construtoras após a injeção de capital das ofertas públicas de ações (OPAs). A revenda através de atacadistas, distribuidores e varejistas saiu de 67,6% em 2006 para 59,4% no inicio deste ano. Por outro lado, a venda para concreteiras subiu de 12% para 18% e a comercialização a granel, para grandes obras, de 8% para 12%. "Isso mostra um consumo mais organizado, com maior produtividade, saindo do artesanal", observou Carvalho. Em obras menores, o cimento é usado em sacos e misturado com areia e água no próprio canteiro.