Um fenômeno começa a ganhar corpo no varejo brasileiro de calçados: de olho na ampliação da base de clientes, algumas marcas estão reajustando os preços – para baixo – ou criando segundas linhas de produtos mais acessíveis. O movimento atinge, sobretudo, as grifes de calçados premium, cujos preços médios giram em torno dos R$ 700 (US$ 333). É esse o caso de Pollignanno Al'Mare, Tao Galeria e Sandra Silveira – todas marcas que produzem calçados à mão, com matéria-prima especial e acabamento cuidadoso. As duas primeiras estão colocando no mercado novas marcas. Já Sandra Silveira optou por baixar em cerca de 30% os preços de seus sapatos, sem (ainda) partir para a segmentação de linhas.
Há três meses, a Arezzo vem fazendo uma experiência com uma segunda marca de sapatos mais baratos, a Ana Capri. A empresa abriu dois pontos de venda no bairro do Itaim, em São Paulo. Mas nem todas as grandes redes estão seguindo esse caminho. A Capodarte e a Dumond – ambas do grupo Paquetá – seguem trabalhando com suas linhas regulares.
Mas para marcas menores – e mais caras – a redução nos preços parece ser uma tendência, acentuada em tempos de crise. No lugar de gastar R$ 350 (US$ 166,7), em média, por um calçado, a cliente da Sandra Silveira paga uma média de R$ 250 (US$ 119) nos modelos da atual coleção de inverno. O segredo, segundo Marcia Lagos, sócia da marca, está no consumo mais consciente de matéria-prima.
Com oito anos de mercado, a Pollignanno Al'Mare acaba de lançar sua segunda marca, a La Bella Nel, à venda na butique da Pollignanno aberta semana passada no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Por enquanto, La Bella Nel se une à Pollignanno nas lojas da rua Oscar Freire e na Daslu, em São Paulo. Outra que está investindo numa linha mais casual é a Tao Galeria. Para o próximo verão, a grife ganhará uma "filha mais nova", a Galeria. Enquanto a Tao é uma grife de sapatos para classe AA, com uma construção complicada e requintada, a Galeria se destina à grande difusão.