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Entidades de Mogi inovam para manter os projetos

As entidades assistenciais de Mogi buscam novas formas de manter seus projetos nesse período de pandemia. Para tentar minimizar os impactos financeiros, agravados ainda mais com o cancelamento da tradicional Festa do Divino, garantia de importante renda extra para atender suas demandas, as instituições, seguindo a tendência atual, investem nos sistemas delivery e drive thru para tentar comercializar produtos e arrecadar recursos. Casas de acolhimento realizam campanhas de doações e pedem a colaboração da população para manter os trabalhos.

A Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Mogi Moderno, vem obtendo bons resultados com esse novo sistema de vendas. Diversificou o cardápio com pratos elaborados com milho, além de refeições especiais, massas, bolo e lanches. Tudo entregue por drive thru e delivery aos finais de semana, com pedidos pelo WhatsApp 9 9846-9694. A secretária da instituição, Sonia Marialves, responsável por essa dinâmica, explica que o trabalho vem sendo feito com ajuda de uma equipe de voluntários da comunidade, seguindo os protocolos para a Covid-19.

A inovação no esquema de entrega, adotado em meados de abril, segundo ela, ajuda a manter as contas da igreja em dia e reduz o impacto causado pelo cancelamento da Festa do Divino, evento que garantia renda de R$ 30 mil à paróquia. Neste ano, o recurso seria usado para obras, como a construção do salão paroquial, entre outras melhorias.

O Núcleo Aprendiz do Futuro, na Vila Natal, começa a se organizar também para vender seus produtos pelos sistemas drive thru e delivery. A presidente da instituição, Maria Helena Duran Melo, explica que a entidade comercializará pães, pizza e outras iguarias produzidas na padaria, instalada em suas dependências para cursos de profissionalização de jovens atendidos pela entidade.

Essa é uma forma, segundo Maria Helena, de tentar compensar a falta dos recursos que pretendiam arrecadar com a Festa do Divino. Em termos financeiros, ela alega que o cancelamento do evento vai impactar na realização de projetos voltados para as 600 crianças e adolescentes da comunidade que frequentam o local no contraturno da escola, mas afirma que agora “a prioridade é salvar vidas”.

A entidade, conta mensalmente com repasse de R$ 30 mil da Prefeitura, verba usada para pagar funcionários, comprar alimentos, material pedagógico e lúdico. No ano passado arrecadou perto de R$ 20 mil durante o Divino. “O básico, que é a alimentação e pagamento da equipe, a subvenção garante, mas tem uma série de outras coisas, como passeio para as crianças, festa da família, Natal das crianças e tudo isso precisa de outros recursos, que não dá o dinheiro a subvenção, além de reforma da sede e manutenção e outras coisas que não pode ser feita”, relata.

Ela afirma, no entanto, que o que interessa nesse momento de pandemia é ajudar a comunidade. Por isso, vai utilizar o delivery e drive thru para vender produtos como pão, pizza e iguarias aos finais de semana para arrecadar recursos necessários e ajudar as famílias com a entrega de cestas básicas através de parceiras de prefeitura com produtores rurais.

O Núcleo também administra a Cozinha comunitária, no Jardim Nova União, e passou a fazer marmitex para pessoas em situação de rua e a entregar cestas básicas às famílias atendidas pelo programa a cada 15 dias. O telefone do Aprendiz é o 3996-8648.

A situação financeira do Instituto Pró+Vida, casa de acolhimento de idosos na cidade deve ser atingida “drasticamente” com o cancelamento da Festa do Divino, “uma das maiores captações da entidade”, segundo Danielle Tavares, assessora social da instituição, que era responsável pela venda das bebidas e minipizzas durante os 11 dias do evento. Além disso, não pode promover eventos ou bazares – outra importante fonte de renda – por causa da pandemia.

Para tentar compensar esse deficit, ela esclarece que o Instituto realiza campanhas para arrecadação dos alimentos, produtos de higiene pessoal, limpeza e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais que atuam na casa de longa permanência, além de lançar a vaquinha solidária, a fim de manter o atendimento aos idosos no local. Para ajudar acesse o link: www.ipvss.org.br.

Delivery e drive thru ajudam a gerar recurso

A Associação das Instituições do Terceiro Setor do Alto Tietê (Assintes) afirma que serão expressivos os impactos que o cancelamento da Festa do Divino deve causar a todas que participam anualmente dos 11 dias da quermesse, com as barracas de vendas de lanches, doces, tapiocas, pizzas e outros produtos típicos do evento. A representante da entidade, Marina Dias, no entanto, não prevê problemas maiores ou risco de fechar portas, apesar de a pandemia ter suspendido não apenas a realização do festejo religioso mais tradicional da cidade, como também diversas ações promovidas por cada uma delas para arrecadar os fundos.

Ela observa que muitas entidades ligadas à área de assistência social estão tentando encontrar saídas, com o uso de drive thru e delivery para promover a vendas dos produtos na cidade. Afirma que esse esforço é necessário para que possa manter as atividades complementares, mas afirma que o que sustenta a maioria delas é a subvenção municipal, verba repassada pela Prefeitura de Mogi para cobrir gastos com folha de pagamento e manutenção de cada instituição.

“Não tenho conhecimento de entidades com riscos de encerrar suas atividades e fechar portas, porque a maioria ainda pode contar com a subvenção que recebe da Prefeitura para manter as atividades”, disse Marina, que também atua no Instituto Maria Mãe do Divino Amor, no Botujuru, que trabalha com creche, crianças e adolescentes.

As instituições que recebem esses recursos públicos, segundo Marina, estão conseguindo manter em dia a folha de pagamento dos funcionários. O que vai faltar, segundo Marina, é a verba para a contrapartida, que as entidades conseguiam arrecadar com seus eventos, festas, bazar pechincha e outros.

Essas questões, segundo ela, serão avaliadas futuramente, já que nesse momento de pandemia, as organizações sociais estão se mobilizando mais para ajudar o público que elas atendem, fazendo campanhas para conseguir as cestas básicas encaminhadas às famílias que precisam de comida, produtos de higiene e limpeza. “Nesse momento, a maioria delas está empenhada em ajudar as famílias que atende, nas comunidades onde atua”, reforça.